GNUCASH – Depreciação (2 de 2)

Esta segunda parte do tema Depreciação traz algumas informações práticas para a manipulação destes dados.

Configuração das contas

Devido às muitas praticas contábeis para depreciação, existem também muitas maneiras de configurar as contas para este fim. Vamos apresentar aqui um método geral que deve ser suficientemente flexível para lidar com a maioria das situações. A primeira conta que você precisa é uma conta de Custo de Ativo (tipo de conta Ativo, no GNUCASH), que é simplesmente onde você grava a compra original do ativo. Normalmente, esta compra é realizada por uma transação de sua conta bancária.

Para manter o rastreamento da depreciação do ativo você necessitará de duas contas de depreciação. A primeira é uma conta de Depreciação Acumulada na qual será coletada a soma de todos os montantes de depreciação e conterá valores negativos. No GNUCASH essa conta é do tipo Ativo. A conta de Depreciação Acumulada é equilibrada pela conta Despesa de Depreciação, na qual toda despesa de depreciação periódica será gravada. No GNUCASH esta é uma conta do tipo Despesa.

A seguir está uma hierarquia genérica para o rastreamento de depreciação de dois ativos, ITEM1 e ITEM2. A conta de Custo do Ativo é equilibrada pela conta de Banco e a conta Depreciação Acumulada é equilibrada pela conta Despesas:Depreciação.

  • Ativos
    • Ativos Fixos (ou Imobilizados)
      • ITEM1
        • Custo (conta de Custo do Ativo)
        • Depreciação (conta de Depreciação Acumulada)
      • ITEM2
        • Custo (conta de Custo do Ativo)
        • Depreciação (conta de Depreciação Acumulada)
    • Ativos Atuais
      • Banco
  • Despesas
    • Depreciação (conta de Despesa de Depreciação)

Uma das características da hierarquia de contas é que prontamente se podem prontamente observar os valores sumarizados dos ativos depreciados. O total da conta Ativos:Ativos Fixos:ITEM1 mostra o valor estimado atual para o item 1, a conta Ativos:Ativos Fixos:ITEM1:Custo mostra o valor total pago pelo item 1, a conta Ativos:Ativos Fixos:ITEM1:Depreciação mostra a depreciação acumulada para o item 1 e, finalmente, a conta Despesas:Depreciação demonstra o total acumulado para todos os itens de seus Ativos.

É certamente possível usar outra hierarquia de contas. Uma configuração popular das contas é combinar as contas do Custo do Ativo e da Depreciação Acumulada. Esta configuração tem uma vantagem de ter menos contas, mas com a desvantagem de determinar alguns detalhes sumarizados mencionados no parágrafo anterior, para isso, deverá abrir a janela de registros da conta.

Atualmente o lançamento dos montantes de depreciação é realizado de forma manual em todo o período contábil. Não existe (pelo menos ainda) uma forma de realizar automaticamente os cálculos de esquemas de depreciação. No entanto, uma vez que o período contábil é anual, não é realmente um grande trabalho fazer isso pelas próprias mãos.

Exemplo

Imagine-se um fotógrafo que usa um carro e uma câmera valiosa para realizar o seu trabalho. Você irá querer rastrear a depreciação destes itens por que você pode provavelmente deduzir a depreciação dos impostos do seu negócio.

O primeiro passo é criar a hierarquia de contas (como mostrado anteriormente, substitua o ITEM1 e o ITEM2 por carro e câmera). Agora, grave a compra de seus ativos pela transferência de dinheiro a partir da conta do banco para a conta apropriada Ativos:Custos de cada item. (ilustrando: a conta Ativos:Custos Fixos:Carro:Custos para os valores relativos ao carro). Neste exemplo, você inicia com $30k no banco o custo do carro é de $20k e a câmera custa $10k e ambos foram comprados em 1/jan/2009.

Janela principal para o exemplo da depreciação do ativo, antes da depreciação.

Utilizando um código de tributação, percebemos que devemos relatar a depreciação destes itens usando o esquema de soma de dígitos, sobre um período de cinco anos. Então, a depreciação anual para o carro será de $6.667, $5.333, $4.000, $2.667, $1.333 arredondados para os anos 1 a 5 respectivamente. Os montantes de depreciação da câmera serão $3.333, $2.667, $2.000, $1.333, $667. Consulte o artigo anterior (GNUCASH – Depreciação 1 de 2) para saber as maneiras de cálculo destes valores.

Para cada período contábil (isto é, ano fiscal) você deve gravar a depreciação como uma despesa na respectiva conta de Depreciação Acumulada (por exemplo: a conta Ativos:Ativos Fixos:Carro:Depreciação). Estas duas janelas abaixo mostram a depreciação acumulada do carro e a janela principal de contas depois do terceiro ano (isto é, três períodos) usando o esquema de depreciação por soma de dígitos.

A janela de registros da depreciação do ativo

A janela principal da depreciação do ativo.

Nota: cautela – depreciação e impostos são intimamente ligados, pode não ser sempre uma escolha arbitraria o método escolhido. A utilização de cálculos errados pode acarretar maiores custos de recurso de tempo que se for adotada maneira correta na primeira vez, então se você planeja depreciar ativos, é prudente ter certeza dos esquemas que serão permitidos e necessários.

GNUCASH – Depreciação (1 de 2)

Neste artigo nós introduziremos o conceito de depreciação na contabilidade e daremos alguns exemplos reais para o uso.

Conceitos básicos

Na contabilidade, a depreciação é o método para quantificar a compra de capitais ao longo do tempo. De acordo com material publicado pelo departamento de patrimônio do TJPR (http://www.tj.pr.gov.br/depat/dcp/depreciacao.htm) depreciação é a diminuição do valor dos bens tangíveis ou intangíveis, por desgastes, perda de utilidade por uso, ações da natureza ou obsolescência. Podemos também entender como sendo o custo ou a despesa decorrente do desgaste ou da obsolescência dos ativos imobilizados (máquinas, veículos, móveis, imóveis e instalações).

Ao longo do tempo, com a obsolescência natural ou desgaste com uso, os ativos vão perdendo valor (haja vista o carro 0 km tirado a um ano da concessionária), essa perda de valor é apropriada pela contabilidade periodicamente até que esse ativo tenha valor, em termos teóricos, reduzido à zero.

A depreciação do ativo imobilizado diretamente empregado na produção será alocada como custo, por sua vez, os ativos que não forem usados diretamente na produção, terão suas depreciações contabilizadas como despesa.

Existem duas razoes as quais faz você querer registrar as depreciações; você está fazendo a contabilidade das suas finanças pessoais e gostaria de manter o controle de seu patrimônio líquido ou você está fazendo a contabilidade para um pequeno negócio e tem a necessidade de criar um balanço financeiro a partir do qual você planejar as restituições de impostos.

O método de gravação da depreciação é o mesmo em ambos os casos, mas o objetivo final é outro. Discutiremos aqui a diferença das duas, mas antes, vamos analisar a terminologia.

  • Depreciação acumulada: o total acumulado da depreciação tida sobre o tempo de vida de um ativo.
  • Depreciação contábil: é o montante de depreciação que você grava em seus extratos financeiros por período contábil.
  • Valor (justo) de mercado: o montante pelo qual um ativo deveria ser vendido em um dado tempo.
  • Valor líquido contábil: é a diferença entre o custo original e a depreciação em um dado tempo.
  • Custo Original: este é o montante que um ativo custa para ser comprado. Inclui qualquer custo para se obter o ativo dentro de uma condição na qual você pode usá-lo. Por exemplo, transporte, custo de instalação, treinamento especial.
  • Valor residual: é o valor que você estima para que o ativo possa ser vendido no fim do tempo de vida, para você.
  • Taxa de depreciação: é o montante de depreciação que se toma para propósitos de tributos.

Finanças pessoais

Em finanças pessoais a depreciação é usada para reduzir periodicamente o valor de um ativo para fornecer a você uma estimativa mais acurada do patrimônio liquido atual. Por exemplo, se você adquiriu um carro, você pode acompanhar o valor atual calculando a depreciação todos os anos. Para realizar isto, você grava a transação de compra de um ativo e então grava as despesas com depreciação a cada ano. Isso resultaria no valor contábil líquido que é aproximadamente igual ao valor justo de mercado do ativo no final do ano.

Depreciação para finanças pessoais não tem incidência de imposto, é simples usado para ajudar a estimar o valor do patrimônio líquido. Devido a isso, não há regras de como você faz a estimativa de depreciação, use o bom senso.

Para que então você deve estimar a depreciação de ativos? Por que a ideia de depreciação para as finanças pessoais é dar-lhe uma estimativa de seu patrimônio pessoal, portanto você só precisa controlar a depreciação de ativos de valor notável os quais você poderia vender, tal como um carro ou de barco.

Negócios

Ao contrário de finanças pessoais onde o objetivo é o acompanhamento de valor do patrimônio pessoal, para negócios a preocupação é com a correspondência os custos de compra de bens de capital com a receita gerada por eles. Isto é feito através de depreciação contábil. As empresas também devem se preocupar com as leis fiscais locais cobrindo a depreciação de ativos. Isto é conhecido como depreciação tributável. A empresa é livre para escolher o regime que quer registrar a depreciação contábil, mas o esquema utilizado para a depreciação fiscal é fixo. Mais frequentemente, isso resulta em diferenças entre a depreciação contábil e a depreciação tributada, mas medidas podem ser tomadas para reduzir estas diferenças. Não é o objetivo de este artigo discutir estas diferenças.

Por que compras devem ser contabilizadas? Se você espera que um item compra ajude você a aumentar as receitas no ano atual, você deve o contabilizar. Por exemplo, terrenos, imóveis, equipamentos, automóveis e computadores – desde que comprados para uso comercial, devem ser contabilizados. Não devem ser incluídos itens de consumo de estoque, que são inventariados, pois a intenção de compra destes itens é a revenda.

Além da compra do bem em si, quaisquer custos associados com a obtenção do ativo em uma condição que você possa usá-lo devem ser capitalizados. Por exemplo, se você compra uma peça de um equipamento e ela precisa ser enviada de fora da cidade ou então algum trabalho de instalação elétrica precisa ser feito para que você possa produzir com a máquina ou algum treinamento especializado é necessário para que você saiba operar a máquina, todos esses custos seriam incluídos no custo do equipamento.

Você também precisa saber o valor residual estimado do ativo. Geralmente, isso é assumido como sendo zero. A ideia por trás é saber o valor de revenda que o ativo será depreciado até que o valor contábil líquido (depreciação menor custo) seja igual ao valor residual. Então, quando o ativo é baixado, você não terá um ganho ou perda resultante da alienação do ativo.

O último passo é determinar o método de depreciação que você deseja usar. Isto será discutido mais adiante.

Nota: Atenção – Esteja ciente de que o conteúdo que este artigo pode simplesmente oferecer são algumas das ideias base para ajudar você a aplicar sua politica fiscal de depreciação ‘favorita’. A aderência com a legislação deve ser considerada e respeitada.

Avaliação estimativa

A questão central com depreciação é determinar como você vai estimar o valor futuro do ativo. Em comparação com as estimativas incertas de valores, estamos aqui em terreno um pouco mais firme. Usando fontes listadas abaixo devem torná-lo bastante adiantado para estimar o valor futuro de seus bens depreciando.

Esquemas de depreciação

Um esquema de depreciação é de um modelo matemático de como um ativo será contabilizado ao longo do tempo. Para cada ativo que sofre depreciação, você precisa decidir sobre um esquema de depreciação. Um ponto importante a ter em mente é que, para efeitos fiscais, você terá a depreciar seus ativos a uma determinada taxa. Isso é chamado de depreciação tributável. Para fins de demonstração financeira você é livre para escolher o método que você deseja. Esta é a depreciação contábil. A maioria das pequenas empresas utiliza a mesma taxa de impostos e depreciações contábeis. Desta forma, há menos diferença entre o lucro líquido das demonstrações financeiras e sua renda tributável.

Apresentaremos três esquemas de depreciação populares: linear, geométrico e soma de dígitos dos anos. Para facilitar o exemplo vamos assumir que o valor residual dos ativos será zero.

  1. Depreciação linear diminui o valor de um ativo por um valor fixo a cada período até o valor líquido alcance o zero. Este é o método mais simples para cálculo se você estima um tempo de vida útil e simplesmente divide o custo igualmente ao longo do tempo.

    Exemplo: você comprou um computador por $1500 e deseja o depreciar no período de 5 anos. A cada ano o montante da depreciação é de $300, seguindo o seguinte cálculo:

Tabela 1: exemplo de esquema de depreciação linear

Ano

Depreciação

Valor restante

0

1500

1

300

1200

2

300

900

3

300

600

4

300

300

5

300

  1. Depreciação geométrica o ativo é depreciado pela porcentagem fixa sobre o valor. Neste esquema o valor de um ativo diminui exponencialmente deixando um valor no final que é maior que zero (ou seja: um valor de revenda).

    Exemplo: tomemos o mesmo exemplo acima, com uma taxa anual de 30%.

Tabela 2: exemplo de esquema de depreciação geométrica

Ano

Depreciação

Valor restante

0

1500

1

450

1050

2

315

735

3

220,50

514,50

4

154,35

360,15

5

108,05

252,10

  1. Soma dos digitos é um esquema de depreciação similar a depreciação geométrica, exceto que o valor do ativo alcança o valor zero no final do período.

    Exemplo: primeiro você divide o valor de um ativo pela soma dos anos de uso, para o exemplo acima, usamos o período dos 5 anos, então 1500/(1+2+3+4+5)=100. A depreciação do ativo é dada pelo seguinte cálculo:

Tabela 3: exemplo de esquema de depreciação soma dos dígitos

Ano

Depreciação

Valor restante

0

1500

1

100*5=500

1000

2

100*4=400

600

3

100*3=300

300

4

100*2=200

100

5

100*1=100

0